segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Descobrindo novas dobras de existência

Hoje é o primeiro dia do mês de agosto de 2016. Tanta coisa mudou desde que escrevi em janeiro! Hoje estou escrevendo do lugar que venho sonhado por tantos anos, um dia antes de fazer uma viagem pra outro Estado, há alguns dias de uma outra grande novidade e há quase um mês que saí da casa das minhas tias, que cortei finalmente o cordão umbilical.

Bem, ao longo da semana passada havia pensado em escrever como forma de organizar o turbilhão de pensamentos e emoções que vêm me assaltado desde o último dia 9 de julho, o dia em que finalmente nos mudamos para o apartamento que resolvemos alugar. Já me acostumei com o lugar novo, com as novas responsabilidades, novos ares, novas rotinas que se desenharam e se desenharão a partir desse dia, mas ainda me custa um pouco aceitar que, mesmo que tenha sido um sonho que venho cultivado desde muito tempo, por muitos motivos que não mais cabem aqui, pelo menos não por hora, como as coisas, relações e pessoas, ou melhor, como as nossas percepções sobre as coisas, relações e pessoas mudam quando tomamos distâncias, sejam físicas ou emocionais.

Tenho estado tão leve, tão tranquila, tão responsável por mim mesma que ainda não acredito que não conhecia essa sensação dentre tantas que já experienciei na vida. Ao mesmo tempo, tenho pensado muito do que tenho tentado me desprender mais, como por exemplo, a casa antiga, na qual passei toda minha vida, das pessoas que me criaram e que criaram essa necessidade monstra em mim de ir embora, e cá estou. Fui embora mesmo. Tenho tentado me manter presente pelo menos pra minha mãe, apesar de não ir com tanta frequência vê-la. Sinto que de alguma maneira estou sendo egoísta em estar tão bem, ao mesmo tempo que sei e sinto que eu mereço, que todos nós merecemos ser feliz, começar uma vida, construir família, seguir em frente e que não serei nem a primeira e nem a última filha única a sair de casa e casar, etc. Penso muito nela e quando nos falamos por telefone me entristeço, mas faz parte da vida, né? Faz parte! Um dia eu e ela nos acostumaremos.

Não tenho mais insônia e nem crises de ansiedade - tirando a que tive ontem antes de dormir, mas devido à viagem de amanhã, e isso é um milagre!

Aprendi tanto desde 9 de julho que nem imaginava que poderia! E amanhã a essa hora estarei à caminho de João Pessoa, onde irei pela primeira vez, para um congresso, que também participarei pela primeira vez. Estou apreensiva por causa de toda a violência que tem nos alarmado todos os dias, mas também muita, mas muita saudade da minha casinha, meu noivorido que agora é esposo e meu filho canino: meu lar e minha família. Espero que chegue logo dia 7, pra que eu volte e possamos planejar juntos o resto de nossas vidas!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ainda não estou pronta...

Querido blog,

aqui quem fala sou eu, uma menos eu, menos eu da última vez em que postei alguma coisa aqui. Hoje me sinto cansada, mas ao mesmo tempo não. Meu corpo pesa, a cabeça também, e ao mesmo tempo não porque mesmo que seja 3 da manhã e eu realmente esteja cansada - o dia foi tão puxado que você nem imagina - não queria ter de dormir. 

Hoje eu sou esposa, sou mãe -de um cachorrinho chamado Michel -, sou uma amiga de poucos amigos - e agradeço por isso, em decorrência das péssimas companhias que antes me circundavam -, continuo com a mesma inconstância de sempre - ah, isso continua -, aquelas angústias diminuíram e hoje dão lugar à angustias concretas, angústias adultizadas - conta pra pagar, grana pouca, ap não saiu ainda, inflação - , e algumas outras coisas que já não me machucam como antes.

E isso é bom. É bom porque todo dia, nos últimos dias, tenho acordado me sentindo grata, apesar de. São muitos problemas e eu, na maioria das vezes, não sei lidar e geralmente fujo, de alguma forma -aprendi a criar linhas de fuga, nem sempre sadias  -, fujo porque sou covarde demais, ou sensível demais, ou apenas não sei. Eu não sei de muita coisa e prefiro não saber. Minha cabeça e meus olhos não sabem de muita coisa que meu coração sabe, sabe? Não sei explicar, mas a cada dia que passa meu coração sabe das coisas. Ou melhor, esse lado que eu acho que é meio sensitivo, esse lado me assustou um dia desses. Pois é, eu sinto. E porque eu sinto, eu sei. 

E também não sei de muitas coisas, como por exemplo, o que vai ser de mim, o que vai ser de nós. Tenho medo, cada dia mais, mas não mais como antes. E tenho medo de certas coisas com mais intensidade. Eu tenho tanta coisa e perdi muita coisa também, Não estou reclamando, mas refletindo sobre. Perdi pessoas - que não faço questão de trazer de volta pra minha vida! Sorry mas não sou mais trouxa! - perdi coisas, perdi sentimentos, necessidades. E ganhei certezas. Isso que vale, né? Vale sim.

E sabe do que mais? Estava conversando com uma amiga sobre o quanto é tudo muito difícil, o quanto estou cansada e aí lembrei de você - sorry de novo -, que tanto me acolheu como ninguém o fez. Daí, decidi que começaria a escrever sobre alguma coisa que me viesse à cabeça e que não colocaria um título antes de terminar. E aí, agora, escrevendo e pensando sobre isso, ainda não me veio à cabeça. Não! Espera! Ainda não estou pronta!

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Here comes the sun


Eu vejo o sol aparecer e a luz do poste apagar: se foi mais uma noite de insônia. Tenho ficado muito deprimida, mesmo que a chegada do sol seja um fenômeno lindo de se vê. E tenho sono também, mas é como se ele nunca estivesse aqui. Sabe, a depressão também cansa o deprimido. É uma loucura só isso tudo, eu acho. Sentir tanta coisa por tão pouco é algo que uma pessoa só não era pra suportar. Um mundo todo de pessoas que simplesmente não se importam enquanto outras se importam tanto por pouco que chegam a sangrar. Não sei, tudo anda muito errado no mundo, se bem que desde sempre é assim. Fico pensando que com o decorrer dos anos, o mundo pede da gente que deixemos muito da gente pra trás, como éramos antes, como éramos. Escrevendo aqui, de vez em quando, sinto o peso do mundo apontando seu dedo inquisitor para mim dizendo; quem você pensa que ainda é pra pensar e escrever e ser assim? A gente, no decorrer dos anos, deve abandonar a simplicidade da elaboração das ideias, das palavras, e mudar nosso jeito de pensar, não é louco isso? Não adianta, eu não me acostumo a ser assim e me recuso a ser grande desse jeito. Eu não, continuo querendo preservar essa breve leveza que de vez em quando me invade, e aí eu preciso vir aqui derramá-la se não ela se vai e vai em vão. Esses momentos devem ser registrados com carinho nos dedos. São quase 5 e meia da manhã, do meu lado ele dorme, do seu lado eu estou vigilante.