sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Desabafo "pós -moderno"

Não tenho pretensão de questionar conceitos, de explicar como é complicado denoiminações sobre modernidade e a dita pó-s modernidade, mas venho aqui desabafar mesmo, em meio tom de denúncia de questões que têm me atingido muitíssimo nos últimos dias, questão de que alguns "valores" de alguns pessoas tem me afetado de um jeito que eu nunca pensei. 

Acontece que é assim: estive pensando que fui criada em um ambiente familiar bem peculiar... eu que me queixo das coisas que me foram impostas no passado, hoje eu vejo que realmente foi preciso. Para começar, fui criada mais pela minha mãe e tias maternas, as quais foram criadas em um contexto cultural totalmente diferente do atual, do meu contexto. Minha avó era uma mulher que foi criada já em outro contexto TOTALMENTE diferente, e era uma mulher de pulso firme com as filhas, porém submissa ao marido, que por sinal, era daqueles homens que carregam o estereótipo do nordestino cabra macho, altamente machista, que tinha uma peixeira em casa e que corria atrás das filhas para matar só porque o almoço não tinha saído do jeito que ele queria. Pois é, minha avó sofreu na mão dele, e antes dele, na de outro marido lá... com as minha tias, ela era pulso firme e meio autoritária, pelo que me consta, embora pelo que eu saiba era uma ótima mãe: atenciosa, presente, dona de casa com todos os predicados que uma dona de casa deve ter, era louca pela filha mais nova( no caso, minha mãe, a mimada da família). As filhas sempre foram muito diferentes, mentiam que iam para aula mas iam namorar, ou pra circo, não gostavam de estudar, eram namoradeiras (menos minha mãe que sempre foi a mais inocente de todas!), mas tinham uma cabeça moldada pela época, apesar de estarem muitas vezes com a cabeça e os atos à frente da época. Elas me criaram de um jeito diferente do que foram criadas. Minha mãe até tentou me domar, me prender, ser autoritária, não falar sobre sexo e só de pensar que um dia eu poderia namorar, casar, ela se desesperava! Pois bem, apesar de elas terem sido criadas para serem mulheres da casa, casarem e terem filhos, apenas duas o fizeram, minha mãe e a mais velha, as outras "fracassaram" no plano, mais porque quiseram. Foram mais longe: viraram autônomas, foram trabalhar fora e cuidar da casa... só falou o marido. Uma delas hoje tem um marido que a impede e a liberta, segundo ela... vai entender! Mas acontece que eu fui criada com outro intuito: fui criada para ser uma pessoa mais livre, e o foco era meus estudos, e não a casa e o marido que um dia eu poderia ter. Não fui acostumada a cozinhar, a lavar roupas e a louça, a varrer a casa, mas com o tempo isso foi se tornando necessário. Nunca gostei de que me obrigassem a fazer as coisas, gosto de fazer o que eu gosto e o que me dá vontade, apesar de tudo. Cresci com a ideia de que para crescer na vida, e isso eu faria porque era o plano dos meus pais, eu deveria ser médica ou fazer enfermagem. Tentei vestibular pra medicina na primeira vez e claro que não passei! Mas essas eram as exigências dos meus pais, e por sinal eu nunca fui obrigada a estudar ou a ler ou a escrever. Nasci com o "dom", se é que é verdade, mas eu nasci com vontade de crescer intelectualmente, de conhecer, me aborreço porque sei que há tanto pra conhecer e o desânimo desse mundo pós - moderno me impede, apesar das mídias, do acesso à Internet, enfim. Pensamos que estamos livre para o conhecimento, mas essa é uma pretensa liberdade que devemos encarar... 

Refletindo sobre isso, sobre minha "criação" eu penso que não, eu NÃO SOU OBRIGADA a provar para as pessoas que eu sou uma mulher, que eu vou ser uma boa esposa e uma boa dona de casa indo pra cozinha, varrendo a casa, o diabo a quatro! Embora muito afetada pelas coisas que eu tenho passado (pode parecer bobagem para muitos e até mesmo para as pessoas que tem me feito passar por isso...), me recuso a acreditar que se eu não fizer isso, se eu não tentar ser uma boa dona de casa eu não serei capaz de ter meu canto, minha casa, com o meu marido... eu vou falhar como mulher se eu não praticar a arte da cozinha,  se eu não lavar as cuecas do meu noivo, se eu não me portar como uma futura boa esposa, e blá blá blá! EU ME RECUSO A ACREDITAR que esperam isso de mim, num mundo como esse, num mundo no qual eu cresci... me recuso! Como eu falei, isso é UM DESABAFO, UMA DENÚNCIA, UM APELO, SEJA O QUE FOR! Mas é isso! Nunca pensei que fosse cobrada por uma coisa que como futura cientista social, como futura socióloga eu combato! Fico pensando na cabeça estreita dessas pessoas e eu sinto pena: pena de mim pelo que eu estou apenas começando a enfrentar e não sei como enfrentar, se sucumbindo um pouco ou me recusando a aceitar ou fugindo disso, e de quem ainda pensa assim e não entende que mulher faz o que quer!

Um comentário:

  1. Oi Mah!
    Dizem que os filhos existem para romper com os padrões paternos!
    Te desejo um Feliz Natal, um ótimo 2013, repletos de paz, amor e harmonia, que o próximo ano seja repleto de novas realizações, mas também, carregado de sonhos e fantasias!
    BJOS
    LEna

    ResponderExcluir

"Se você procura alguém coerente, sensata, politicamente correta, racional, cheia de moralismo: Esqueça-me!
Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção: Acolha-me!"