segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Talvez eu seja...

... O sonho de mim mesma.
Criatura-ninguém
Espelhismo de outra
Tão em sigilo e extrema
Tão sem medida
Densa e clandestina.

Que a bem da vida
A carne se fez sombra.

Talvez eu seja tu mesmo
Tua soberba e afronta.
E o retrato
De muitas inalcançáveis
Coisas mortas.


Talvez não seja.
E ínfima, tangente
Aspire indefinida
Um infinito de sonhos
E de vidas.
      Hilda Hilst


Ou sendo, mais do que eu possa alcançar, me movo no movimento das insconstâncias, procurando ser o mais de mim que eu possa conseguir ser.



2 comentários:

  1. "...
    E ínfima, tangente
    Aspire indefinida
    Um infinito de sonhos
    E de vidas."

    Marcelle, um final em grande!

    Beijo :)

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"Se você procura alguém coerente, sensata, politicamente correta, racional, cheia de moralismo: Esqueça-me!
Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção: Acolha-me!"