sábado, 20 de dezembro de 2014

Sobre "finais" e "começos".

Me peguei pensando em uma forma de voltar a gostar dessa época que todo mundo fala com tanto carinho, como uma época tão bonita, colorida, iluminada. Mas diferente do que eu sempre faço, não queria falar do porquê eu deixei de gostar de Natal, ou porque pra mim essa época do ano é uma época triste, melancólica, ou especular o porquê, os porquês de muitas pessoas ficarem melancólicas. Tudo gira em torno das noções de início, recomeço, final, essas coisas. E tudo isso não passa de demarcações mais da psiquê do que qualquer outra coisa. É inevitável pensar em tudo o que aconteceu durante o ano, em todas as perdas e ganhos, todas as feridas e obstáculos, em vitórias e derrotas. Parece mania, mas esses finais e recomeço simbólicos nos induzem a tentar medir tudo isso e colocar em uma balança imaginária, e fazer planos que nunca serão realizados, sonhar sonhos que a gente sabe que são só sonhos. Não, não queria também parecer pessimista, já sendo, acontece que é assim que eu penso, me sinto, e me importo em externar para mim mesma, porque se estou escrevendo sobre isso é para mim mesma, e se for lido por alguém, é consequência. Fico pensando no que significam as pessoas para as pessoas, e penso em tudo o que eu já fiz pelas e para as pessoas, coisas ruins e boas, o que fiz por mim, coisas péssimas - tenho "instinto auto-destrutivo". Mas aí repenso: eu não sou a única auto-destrutiva, não sou a única que se importa de mais ou de menos. Fico pensando em, se eu morresse hoje, quem choraria? quem lembraria de mim como uma pessoa legal? quem sentiria falta de mim? E ao mesmo tempo, penso que não preciso ser lembrada. Não preciso fazer nada para ser aceita e lembrada pelo simples fato de que um dia morrerei. Não sei se seria bom as pessoas pensarem que todo dia é dia de finais e recomeços. Também não sei se quero ser lembrada, ou esquecida, ou se quero morrer. Porque a morte está diretamente relacionada a essa época, a inícios e finais. A morte é essa coisa entre o toque e a ausência, e tem tudo a ver com tudo. Simbolicamente, morri muitas vezes esse ano. Disso eu sei. Sobre nascer: tenho esperanças, apesar de tudo. Nascerei, um dia, nem que seja no dia da minha morte.

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