quarta-feira, 30 de junho de 2010

Após a leitura de uma frase de Nietzsche, fiquei a pensar em coisas indefinidas, tipo: que o silencio é a resposta do que esperamos ouvir (mesmo inconscientemente); nem tudo são flores, e elas não expressam somente a primavera; a dor é a saudação da alma ao ser que renasce depois de uma experiência não-prazerosa; o amor não é isso que sentimos pelos outros, não é só isso que achamos ser; os problemas são isso mesmo que se afiguram aos nossos sentidos; o chão que temos sob nossos pés não é tão sólido quanto parece.

Mas ao pensar coisas que aparentemente se definem por sua iminente negatividade (não culpo Nietzsche pelo despertar de impressões obscuras), lembro da simplicidade em viver, em sentir, em se deixar ser. Sempre complicamos tanto as coisas, e tudo é tão sutil, tão efêmero, tão superficial de um jeito que se torna até mesmo ridículo abrir mão das coisas, das pessoas, dos momentos.

Me sinto uma hipócrita em dizer isso tudo (e até ridícula por achar que escrevendo mudarei em alguma coisa que sou, ou que terei meus pensamentos lidos, ou que serei compreendida), porque só eu sei como sou por dentro, e sei que, como todo mundo, às vezes sinto como se habitasse em mim outros seres, outros eu que não sou eu verdadeiramente; seres que não valorizam o hoje, que não valorizam os momentos, que se desesperam e lastimam e mal-dizem as pessoas e tudo o que se mova ao meu redor! Ja´desejei morrer, já quis fugir de algo que eventualmente nunca me deixará (como fugir da consciência, dos pesadelos mais ocultos, das dores mais recalcadas?)

O que estou tentando fazer? Não sei ao certo, e na verdade sinto que nunca sei o que estou tentando fazer ou dizer. Mas isso sou eu, e ao mesmo tempo não tem nada de mim. Sou o oposto do que sou. E isso parece estranho...


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